‘Os estudos vão mudar a minha vida’, diz João Arthur
Primeiro medalhista de ouro da OBMEP de Ulianópolis sonha em entrar no IMPA Tech
Um telefonema da diretora da escola pode preocupar muitos alunos e pais. Na manhã de 20 de dezembro de 2024, João Arthur Lima, de 13 anos, e sua mãe, Mônica, atenderam à ligação que mudaria a vida do jovem e da família. Do outro lado da linha, a responsável pela escola deu a notícia: João Arthur era o primeiro medalhista de ouro da OBMEPem Ulianópolis, município no interior do Pará. A conquista foi uma vitória pessoal e um marco para a cidade, para a escola e para o futuro que ele agora vislumbra.
“Quando atendi, a diretora me disse, eufórica: ‘Mônica, teu filho é ouro! Medalha de ouro nacional!’”, contou a mãe, emocionada. “Não consegui acreditar, perguntei novamente, e ela confirmou. Caí no chão aos prantos, não conseguia parar de chorar e gritar. Foi um choro de alívio, de libertação”, lembrou.
Aluno do 7º ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Celestino Facco, João também não esconde o orgulho de carregar a medalha no peito e sabe que ela representa algo maior: uma nova possibilidade de vida, diferente da realidade de Ulianópolis. O município de 38 mil habitantes, distante 400 quilômetros da capital Belém, tem a economia voltada para a produção de grãos e culturas como mandioca, pimenta do reino, feijão caupi, além de citros em geral.
“A OBMEP se tornou a atividade da minha vida. Até pouco tempo atrás, não tinha muita expectativa. Achava que eu ia ser só mais um. Quando eu entrei em contato com a OBMEP, entendi que a minha vida ia ser feita através dos estudos. Os estudos que vão mudar a minha vida.”
Para Mônica, o reconhecimento representa muito mais que uma conquista acadêmica: é um símbolo de esperança. “Somos do interior do Pará, com perspectivas pequenas de estudo, mas agora essa medalha abriu um leque de oportunidades e sonhos para o futuro. Tenho muita gratidão a OBMEP”, afirma.
Foi só no 6º ano, ao participar da OBMEP pela primeira vez, que João encontrou um verdadeiro propósito. A Olimpíada fez mais do que premiá-lo, foi a razão do seu reconhecimento próprio. “A OBMEP me fez entender que tenho valor, que posso ir longe. Isso mudou tudo em mim.”
Agora no 7º ano, João segue firme. Ele participa do PIC (Programa de Iniciação Científica Jr.), com aulas online às sextas-feiras, além de avaliações regulares e muito estudo aos fins de semana. Com a bolsa recebida pelo programa, investiu em uma escrivaninha nova, livros e um cantinho de estudos em casa.
“É a minha primeira fonte de renda. Posso me divertir e ainda ganho dinheiro para isso, é uma benção”, contou aos risos.
E os sonhos só aumentaram. Em junho, João participou da Cerimônia Nacional de Premiação da 19ª OBMEP, no Rio de Janeiro — sua primeira vez viajando de avião e saindo do Pará.
“Nunca tinha imaginado isso. A possibilidade de estar andando por aquele lugar gigante, tantas pessoas novas pra conhecer. O tanto que estava feliz de estar ali, o tanto que eu estava feliz por ter estudado muito”.
Foi na cerimônia que João conheceu o IMPA Tech, programa de graduação do IMPA que oferece o bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação. “É lá que eu quero estudar. Me apaixonei. A OBMEP me abriu esse mundo que eu nem imaginava que existia.”
Para o futuro, o jovem planeja ser professor universitário. Quer ensinar matemática, inspirar outros jovens e ajudar a transformar outras realidades.