‘A OBMEP mudou a minha jornada’, diz medalhista de Taubaté
Tiago Cavalcante possui 5 medalhas na competição científica do país
“A OBMEP mudou totalmente a minha trajetória. Por causa da minha participação na olimpíada, tive uma série de oportunidades, que nem sabia que eram possíveis. Cresci muito estudando para a prova”, afirma Tiago Cavalcante Trindade, 18 anos, estudante de Taubaté (SP). O jovem coleciona 5 medalhas na maior competição do conhecimento do Brasil: são 3 ouros e 2 bronzes.
A virada de chave foi ainda no 6º ano do Ensino Fundamental, quando estudava na escola municipal Padre Silvino Vicente Kunz e teve contato com a olimpíada. “A OBMEP foi uma prova diferente de tudo que fazia na escola. Foi muito legal ter liberdade para usar a criatividade e lógica para resolver problemas e as questões eram muito divertidas”, disse.
Já na primeira participação, em 2019, Tiago conquistou uma medalha de bronze, o que o motivou a estudar ainda mais para os próximos anos. Na edição seguinte, o ouro veio. “Fiquei bem surpreso porque ninguém da minha escola tinha conseguido um ouro antes. Quando recebi o resultado, meus colegas ficaram mais interessados em fazer a prova. Colegas que antes não eram fãs de matemática, passaram a ver a OBMEP com outros olhos. Até os próprios professores ficaram mais animados com a olimpíada e com as oportunidades que ela abre”, contou.
A participação no Encontro do Hotel de Hilbert em 2022, em Florianópolis (SC), foi marcante para o jovem. “Foi surpreendente, foi a primeira vez que alguém da minha família viajou de avião. Meus pais e eu ficamos muito surpresos e felizes. Foi muito simbólico porque mostrou que os estudos podem abrir portas e gerar oportunidades.”
Além disso, Tiago participou do PIC (Programa de Iniciação Científica Jr.), onde teve contato com outros jovens com interesses semelhantes. “O PIC foi o fundamento para eu começar a gostar de matemática e correr atrás de outras oportunidades. Aproveitava o tempo para fazer as questões com calma e revisar o que estava errando.”
O POTI (Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo) também marcou a trajetória do jovem, que passou a ter contato com tópicos mais avançados e possibilidades de aplicações matemáticas. O programa despertou ainda mais o interesse de Tiago pela disciplina.
Em 2024, ele participou do Programa de Verão do IMPA pela primeira vez, quando cursou Análise na Reta. “Foi bem difícil, mas já estava esperando um nível bem avançado. Foi legal ter contato com um tópico de graduação e interagir com pessoas de diferentes áreas e idades.” Apesar da dificuldade, Tiago teve um bom desempenho no curso, e retornou ao Verão em 2025, quando estudou Machine Learning. “Surpreendentemente, consegui A+ nos dois anos. Acho que o resultado foi muito legal. Me preparei antes e queria estar pronto para fazer o curso e acompanhar as aulas”, disse.
Agora, no 3º ano do Ensino Médio, Tiago estuda no Instituto Alpha Lumen e está na expectativa para o resultado de sua última participação na OBMEP. No ano que vem, o jovem planeja fazer a graduação nos Estados Unidos. “Estudar fora do país parecia algo impossível, mas no 1º ano do Ensino Médio participei de um verão nos EUA e vi que era viável. A partir daí, corri atrás das informações e burocracias necessárias para conseguir uma bolsa de estudos. Estou aplicando para diferentes universidades.”
Para o futuro, o jovem deseja ser professor universitário e participar de eventos olímpicos. O objetivo de Tiago é desmistificar os estereótipos da disciplina. “A Matemática não parece muito atrativa, principalmente para as crianças, mas é um caminho gratificante e que possui muitas oportunidades. Não é um caminho óbvio, mas quero mostrar aos jovens, no futuro, que a Matemática está em vários lugares e também pode ser uma perspectiva de carreira.”