‘Estou aqui pois fui motivada pela OBMEP’, diz Luíze D'urso

 

Doutoranda do IMPA defende a tese nesta quarta-feira (26) às 14h


Ouro na OBMEP uma vez, depois outra, e mais uma — até chegar a sete conquistas na maior olimpíada do conhecimento do país. As vitórias se tornaram o fio condutor da carreira da heptamedalhista Luíze D’urso. Aos 29 anos, a jovem defendeu a sua tese de doutorado no IMPA em 26 de dezembro. Sob orientação da pesquisadora do Instituto Carolina Araujo, o trabalho, intitulado “O cone nef de blowups do plano projetivo”, teve transmissão ao vivo pelo canal do IMPA no YouTube. 
 

Luíze se descreve como alguém que teve a sorte de crescer numa família que tratava matemática como diversão. No Colégio Militar, onde ingressou após estudar em casa para o concurso com ajuda da mãe, descobriu rapidamente que a matemática seria parte central da sua vida.  As primeiras medalhas na OBMEP vieram acompanhadas do ingresso em cursos olímpicos, que acabaram moldando não apenas sua formação acadêmica, mas também suas ambições profissionais.

Foram sete medalhas de ouro na OBMEP, além de participações na OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática), na OMERJ (Olimpíada de Matemática do Estado do Rio de Janeiro) e em competições internacionais como a CIIM (Competição Ibero-americana Interuniversitária de Matemática) e a IMC (Competição Internacional de Matemática para Estudantes Universitários). A vivência olímpica foi tão marcante que definiu sua escolha de carreira. “Queria fazer matemática porque queria fazer o que os meus professores de Olimpíada faziam”.

O incentivo também ajudou concretamente sua formação. As bolsas da OBMEP, por exemplo, foram guardadas ao longo dos anos, e ajudaram a custear a moradia de Luíze perto da PUC-Rio, onde cursou a graduação e o mestrado.

 




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A tese: uma ponte entre duas geometrias

No IMPA, Luíze seguiu para a geometria algébrica, área tradicionalmente profunda e abstrata. O que mais a atraiu foram os aspectos geométricos — e, com apoio da orientadora, encontrou um caminho que permitia unir a geometria algébrica com técnicas vindas de outra área: a geometria hiperbólica.


“A tese é uma grande tradução no meu ponto de vista.  A pergunta norteadora é de geometria algébrica, mas a gente precisa de geometria hiperbólica para resolver, então traduzo tudo o que preciso da geometria algébrica para a geometria hiperbólica para chegar na solução. E aí, uma vez que resolvi o problema na geometria hiperbólica, traduzo de volta para a geometria algébrica”, explica.

Além de resolver um problema específico, Luíze destaca um dos aspectos que mais a encantou na pesquisa. “O mais importante é estar aberto à interdisciplinaridade. Não só se fechar na sua área, mas ver que outros conhecimentos podem ajudar, somar na pesquisa.  Acho muito bonito mesclar conhecimentos de áreas distintas”.

Luíze leciona matemática olímpica e quer aprofundar esse vínculo. Pretende seguir contribuindo com a OBM, a OMERJ e, especialmente, com a OBMEP, à qual atribui o início de sua trajetória. “Só estou aqui porque fui incentivada pela OBMEP um dia. Tenho muita gratidão e quero devolver isso. Quero continuar participando.”