Quando Henrique Holgado entrou no Programa OBMEP na Escola, acumulava uma experiência de dez anos na docência. Professor desde 2006, Holgado estava habituado a um método tradicional de ensino da disciplina. Hoje, após cinco anos participando do OBMEP na Escola, ele afirma que sua experiência como professor se tornou ainda mais enriquecedora quando permitiu aos alunos que protagonizassem o processo de aprendizado, prática que adquiriu após frequentar os encontros. 

“Uma das grandes mudanças, para mim, que gerou um salto na qualidade do meu trabalho, foi quando comecei a preparação dos alunos antes de expor o conteúdo. Ou seja, primeiro  fazia com que os alunos estudassem a matéria para que eu pudesse conduzir o conteúdo utilizando as estratégias propostas por eles. Permiti que os alunos se tornassem os protagonistas nas aulas”, afirma o professor.

Holgado, que hoje integra a rede pública de ensino do Distrito Federal, foi apresentado ao Programa OBMEP na Escola através de um de seus colegas de trabalho. Desde então, se uniu ao grupo e mergulhou cada vez mais em uma nova didática e prática educacional. “Participar do OBMEP na Escola mudou muito minha visão sobre a abordagem em sala de aula. Mostrar a matemática de forma aplicada e valorizar os pensamentos eram práticas ausentes em minhas aulas antes do programa”, relata.

De primeira, não foi fácil se deparar com métodos tão diferentes do que estava acostumado, confessa. “Foi um início desafiador, pois a minha forma de lecionar era extremamente tradicionalista e voltada para os livros didáticos. Precisei de uma mudança de atitude radical para que pudesse desempenhar o programa como nos era orientado. Muitas horas de estudo, revisão e reflexão”, relembra. O professor reforça que o material da OBMEP foi de grande ajuda para direcionar o trabalho a ser desenvolvido. “É completamente diferente do que utilizo em sala. Muitos conteúdos sugeridos no material jamais haviam sido vistos pelos alunos em séries anteriores”.

A partir do Programa, Henrique participou de uma troca intensa com professores de matemática de outras unidades. Ele comenta que, durante este período, entendeu seu papel na prática docente de forma mais profunda. “Tornar o aluno protagonista do processo não é tão simples. Acredito que, hoje, essa seja minha maior transformação após ingressar como professor atuante do programa”, diz. 

Para acompanhar o desenvolvimento dos estudantes, ele também criou um grupo de estudos nas escolas em que atuou no período: o Centro de Ensino Fundamental 504 de Samambaia, o Centro de Ensino Fundamental 404 de Samambaia e o Centro Educacional 01 de Brasília. “Tínhamos um grupo presencial e um virtual. Nos encontros presenciais, os alunos às vezes ainda sentiam-se como no ambiente de sala de aula e quase não manifestavam suas ideias, mas no grupo virtual os debates eram maravilhosos! As soluções publicadas pelos alunos eram inimagináveis”, orgulha-se.

A prática deu certo e, durante a passagem pelas diferentes escolas em que lecionou matemática, o professor conseguiu ver alunos se aprimorarem na disciplina. Após um expressivo número de menções honrosas na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) conquistadas em 2016, o Centro de Ensino Fundamental 504 de Samambaia alcançou, em 2017, a primeira medalha de prata da unidade. No ano seguinte, o resultado foi um número maior de alunos inscritos na olimpíada, inspirados pela premiação dos colegas. Em 2019, veio o esperado prêmio máximo. Henrique pôde comemorar um ouro e um bronze conquistados por seus alunos.

Entre as muitas experiências positivas que teve nesta empreitada, o professor destaca o prazer de acompanhar os estudantes superarem desafios. “Vi um envolvimento maior tanto de alunos quanto de professores interessados em ajudar no programa. Os êxitos que obtivemos são conquistas imensuráveis. A possibilidade de levar um aluno à premiação e de vê-lo ser reconhecido pelo seu esforço é algo que valida o trabalho que a gente se propõe a fazer. É extremamente gratificante”, conclui.