OBMEP na Escola: conheça a professora Luciane Escaleira

 

Quando Luciane Escaleira, de 53 anos, se formou como química na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ela não imaginava que, em 2021, lecionaria matemática em uma escola em Brasília (DF). Com a experiência adquirida no programa OBMEP na Escola, a professora do 6º e 7º anos do Centro de Ensino Fundamental 05 de Brasília criou um grupo de preparação extraclasse para alunos que desejem aperfeiçoar suas habilidades matemáticas. “Enquanto estiver trabalhando com a matemática, vou fazer o que for possível para dar o meu melhor. Acho que é isso que me estimula a buscar uma visão diferente da matemática para oferecer aos alunos”, afirma.

A carioca se mudou para Brasília em 2008, depois de ter completado sua segunda graduação na UERJ, desta vez a Licenciatura em Matemática e, em 2013, começou a dar aulas no CEF05. Não demorou muito para que reconhecesse a importância das competições acadêmicas para o estímulo do aprendizado na escola. Em 2015, ela criou, junto aos outros professores, apostilas de estudos de matemática para seus alunos. Os conteúdos eram voltados para as olimpíadas, e os alunos buscavam solucionar os problemas e compartilhavam seus caminhos com os colegas.

A preparação olímpica foi potencializada quando Luciane começou a participar do programa OBMEP na Escola, em 2017, que possibilitou acesso aos materiais da OBMEP e também uma troca intensa de experiências com outros professores. A partir disso, ela criou o grupo de estudo extraclasse específico para a competição, composto por alunos interessados na OBMEP. “A gente conversava sobre os temas e discutia os problemas, depois eles se dividiam em grupos para pensarem sobre cada solução. Em paralelo, a gente fazia algumas brincadeiras e desafios, por exemplo o ‘desafio do chocolate’, em que quem acertasse mais problemas no mês ganhava uma barra de chocolate”, conta. 

A interação com outros professores e vivências foi essencial para que pensasse sobre como as questões poderiam ser apresentadas aos alunos de forma instigante e inovadora. “É um programa muito bom porque você tem uma visão de outra comunidade e acaba conhecendo realidades diferentes. No grupo, temos professores de escola de bombeiros e outros de Planaltina, que são realidades completamente diferentes!  A gente acaba aprendendo muito uns com os outros e a troca é muito boa, não só em relação ao conteúdo mas também com relação a dinâmica dos grupos e como as aulas são dadas”, comenta. 

Foi a partir do trabalho de mobilização no CEF05 que cada vez mais alunos se uniram ao ‘Grupo da OBMEP’. A adesão foi maior do que a esperada, gerando a necessidade da abertura de mais um horário de estudos no contraturno das aulas regulares de matemática. “Teve um ano que um outro grupo de alunos pediu para ficar na escola estudando na biblioteca e eu dei apoio a esses alunos em outro horário, enquanto não estava em aula”, conta Luciane. Antes da pandemia de Covid-19, os encontros do Grupo da OBMEP aconteciam de 13h30 às 17h da tarde, chegando a reunir cerca de 25 alunos. Apesar das aulas serem realizadas depois do horário escolar, o tempo extra na escola não incomodava os participantes, que ficaram ainda mais motivados a ir além. 

“Muitos alunos têm o objetivo de ir para a universidade, cursar as áreas de exatas. Vejo que o mais importante é eles ganharem a confiança para conseguirem o que querem. O nosso papel é fazer eles acreditarem que podem, porque a partir do momento que eles acreditam, sei que eles conseguem. Hoje, tenho ex-alunos que já estão no Ensino Médio com muito potencial para seguir estudando e talvez essa experiência no Ensino Fundamental tenha dado a confiança que precisavam para conseguir”, afirma.

Para a escola, o resultado foi perceptível. Até 2019, foram uma medalha de ouro, duas de prata, três de bronze e 30 menções honrosas conquistadas por alunos na OBMEP. Além disso, nas Olimpíadas de Matemática do Distrito Federal (OMDF) foram outras duas de ouro, três de prata e duas menções honrosas. A escola faz questão de reconhecer cada um deles, não só com as medalhas, mas com homenagens em eventos, brindes a todos os participantes do grupo — como mochilas e garrafas personalizadas e também um certificado de destaque bimestral, distribuído para alunos que se esforçaram no período. 

Antes da pandemia de covid-19, no dia da prova da 2ª fase, a comunidade escolar entrava em festa: professores foram até o local de prova para oferecer apoio e torcida aos participantes. Apesar de ainda estar no processo de volta às aulas presenciais, Luciane afirma que a escola já está se preparando para começar novos grupos de estudo com os alunos, para continuar a incentivar a participação na competição. “A gente teve em torno de 90% de adesão na 1ª fase da OBMEP porque tivemos uma reunião com todos os professores falando sobre o que já ganhamos com a competição e eles mesmos incentivaram os alunos. Foi uma participação muito boa!”, orgulha-se.




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