‘Há uma estrutura social estimulando o estudo’, diz Landim

 

Foi em uma visita a região Norte do país, no mês de outubro, que o diretor-adjunto do IMPA e coordenador-geral da OBMEP, Claudio Landim, conheceu a história de Luccas de Souza Mendes e Gabriel Pereira Silva Avilar, medalhistas de ouro e prata na OBMEP em 2021, pelo estado do Amazonas. 

 

Os alunos da Escola Municipal Benicio Penna, situada na Boca do Acre, se prepararam para a prova através de um canal no youtube conhecido por resolver questões já cobradas em outras edições da segunda fase da olimpíada. O material é disponibilizado na internet pela própria OBMEP.

 

A iniciativa dos jovens incrementou o número inédito de medalhas e menções honrosas conquistadas pelo Amazonas na edição da olimpíada do ano passado: 1508 premiados. 

 

"O interessante é que a mãe do medalhista de ouro, que diz não entender nada de matemática, senta ao lado dele e fica acompanhando o estudo. Essa é uma característica dos medalhistas: sempre há uma estrutura social estimulando o estudo e eles mesmos não têm noção disso. Estava esperando encontrar um diferencial que justificasse essas novas medalhas e o que encontrei foi isso", contou Landim que destacou ainda o esforço pessoal e a presença do diretor da escola que estimula a participação dos alunos na olimpíada e trabalha para garantir o acesso de todos ao programa.

 

Após as conquistas, Luccas e Gabriel passaram a integrar o PIC (Programação de Iniciação Científica Jr.) da OBMEP, que oferece aulas de matemática avançada em encontros semanais com professores aos premiados pela olimpíada, além de disponibilizar bolsa para alunos de escolas públicas. 

 

Já no Acre, outro estudante chamou a atenção da coordenação da OBMEP: Kalel Lucena da Silva, da escola São José, no município de Cruzeiro do Sul. O estudante conseguiu, em edições seguidas, medalhas de bronze, prata e o tão esperado ouro, em 2021. Desde 2005, o estado soma três amarelinhas. As duas últimas foram alcançadas recentemente, no ano passado e em 2019.

 

Isso mostra claramente mudanças na OBMEP na região e a matemática tem isso: para uns, ela pode ser divertida através da resolução de problemas”, destacou Landim. 

 

Professor faz a diferença

 

O diretor-adjunto do IMPA e coordenador da OBMEP se inteirou ainda de ações individuais de professores no estado que têm feito a diferença na vida dos estudantes focados na OBMEP. Um dos exemplos é a professora Jacqueline Fernandes, que se empenhou em mostrar aos alunos que os benefícios da olimpíada iam além da premiação. A chegada dela nas escolas Almirante Barroso e Danilo Correia, em Boca do Acre, garantiu um número maior de premiações aos alunos. 

 

“A escola Danilo Correia tinha índice baixo no IDEB, mas alunos ótimos. Era uma questão de motivação apenas. Fiz de tudo lá, estudamos em grupo, online, sábado e feriado e esses alunos sempre corresponderam muito bem. Em 2021, metade dos alunos que fizeram a prova foram honrados e isso valeu muito, pois eram taxados como alunos da pior escola. Fiquei muito feliz com os resultados, são alunos que querem vencer pelo conhecimento”, disse a professora. 

 

Landim enfatizou a capacidade que os professores têm de fazer a diferença.

 

“Ações pontuais têm impacto enorme na vida dos alunos e podem ser replicadas. O que vemos é que é preciso aquela pessoa super animada que se dedica à escola. São ações  sensacionais que despertam a motivação dos alunos e têm a possibilidade de mudar o destino dessas crianças”, concluiu o coordenador, que visitou ainda escolas em aldeias indígenas durante a viagem.

 

 




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