Medalhista da OBMEP prepara alunos para prova da olimpíada

 

Luis Felipe Fernandes é de São Sebastião (SP) e formado em Matemática


O matemático Luis Felipe Fernandes de Pádua Leite acredita que a medalha da OBMEP foi capaz de mudar a sua vida. Nascido em São Sebastião (SP), cidade com menos de 100 mil habitantes, o jovem foi medalhista de bronze em 2018, quando estava no 3º ano do Ensino Médio. Por conta da paixão pela matemática, descoberta através da competição, ele escolheu seguir na área em sua graduação. 
 

Formado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, de Caraguatatuba, cidade próxima da sua região, o jovem decidiu que a OBMEP continuaria fazendo parte da sua vida. Dessa forma, ele criou um projeto voluntário para dar aulas presenciais para crianças interessadas nas competições científicas. 
 

“O projeto surgiu este ano muito pelas lembranças de quando eu era criança. Quando era menor, existia uma vontade muito grande de ganhar uma medalha, de conseguir me superar nessa prova. Com o projeto, tento passar um pouco desse sonho para os alunos. As aulas acontecem toda quinta-feira, fazemos provas antigas e explico as questões. A ideia é incentivar cada vez mais a participação em competições científicas.” 
 

O jovem também sonha em ir cada vez mais longe com o projeto. Atualmente, seis crianças participam das aulas, mas a ideia é que em um futuro próximo, a sala “fique pequena” para a quantidade de interessados em participar. 
 

Estudante de escola pública, Luis é de família humilde e contou que sempre batalhou pelos estudos. Na época, ele tinha um computador, mas não tinha acesso à internet em casa. Para estudar para a competição, ele contava com a ajuda de um vizinho, que tinha internet. Ele baixava as provas antigas da OBMEP e adicionava em um pen drive para que ele pudesse fazer as questões. 
 

“Conheci algumas pessoas que tinham conquistado a medalha e vi quantas oportunidades elas tiveram, isso foi um incentivo ainda maior. Sempre estudei muito para conseguir uma medalha, contava com a ajuda do meu vizinho, que tinha internet e baixava as provas da olimpíada.” 

 




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O professor também destaca a importância que seus pais tiveram na sua formação. “Sem eles, não seria nada. Foram eles que sempre me incentivaram nos estudos. Na época da escola, perceberam que eu gostava de matemática e quando tinha prova, me davam todo o apoio”.

O jovem descobriu a OBMEP quando estava na oitava série, atual nono ano do Ensino Fundamental, e desde então despertou seu interesse pela competição. Na época, ele também conseguiu uma menção honrosa e uma medalha na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). A medalha de bronze veio um tempo depois e ele relembra com gosto dessa época: 

“Estava no 3º ano do Ensino Médio e sabia que seria minha última chance de conseguir. Na época, fiquei muito feliz porque era o que mais queria, lembro que me esforcei muito. Tenho diversas fotos da época e guardo a camisa que usei na cerimônia para receber a medalha até hoje.”
 

Luis também citou que durante as aulas do seu projeto, os estudantes o questionam se ele sempre gostou de matemática. “Para ser sincero, não era bom antes de começar a fazer as provas da OBMEP e outras competições científicas. Só fui descobrir esse gosto pela matemática com a competição.”
 

Atualmente, Pádua cursa o PROFMAT (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) na Universidade Federal de São José dos Campos, a mais de 100 km de casa. O PROFMAT, organizado pelo IMPA e pela SBM (Sociedade Brasileira de Matemática), busca aprimorar a formação profissional de professores de matemática. A previsão é que o jovem finalize o mestrado no próximo ano. 
 

Em toda sua trajetória, Luis também não esquece da importância que seus professores tiveram em todo o seu processo de formação. Ainda na escola, foi uma professora de matemática que o incentivou nas competições e também celebrou a conquista da medalha. Já na graduação, foi o seu orientador que o incentivou a se inscrever para o PROFMAT.