A Unicamp sediou nesta sexta-feira a cerimônia de premiação de 254 medalhistas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) pela Regional SP05 (um das oito regionais paulistas). Também foram premiados 30 professores e nove escolas. A Obmep é um projeto dirigido às escolas públicas e privadas brasileiras, realizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e promovido com recursos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A edição de 2018 atraiu mais de 18 milhões de alunos do 6º ano do ensino fundamental até o último ano do ensino médio, em todo o país.
“Dos 18 milhões de alunos, 5% passaram para a segunda fase, de onde saíram os medalhistas de ouro, prata e bronze, bem como as menções honrosas”, conta Laura Rifo, que é coordenadora da Regional SP05, professora do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp e pesquisadora do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMeai). “A Regional envolve quase 70 municípios e cerca de 1.000 escolas. A Obmep atingiu uma dimensão que até assusta – tivemos que corrigir 20 mil provas para a segunda fase – mas como já são 15 anos, a logística funciona bem sobre as rodas.”
Laura Rifo explica que o objetivo é disseminar e despertar o gosto pela matemática por meio da resolução de problemas que não exigem conteúdo ou fórmulas, mas simplesmente boas ideias que permitam resolvê-los. “Todos os alunos de escolas públicas participam, mesmo aqueles que não gostam tanto da matéria. A competição é particularmente importante para a Unicamp, que acaba de criar o vestibular para medalhistas olímpicos. No Imecc, todas as vagas foram preenchidas, na licenciatura e bacharelado e também no cursão de matemática. Fui conversar com os calouros deste ano e percebi vários olhos brilhando de felicidade: eram medalhistas da Obmep.”
Para a professora da Unicamp, outro aspecto importante são os projetos adicionais que fazem parte da Obmep, que não se esgota na competição. “Temos o projeto de iniciação científica para alunos medalhistas, sendo que aqueles de 2018 já têm aulas este ano, aos sábados, contando com uma bolsa de permanência para a condução e outras despesas. Também aos sábados, alunos de oitavo e nono ano, a maioria de escolas públicas da região, podem participar do Poti – Polo Olímpico de Treinamento Intensivo para as próximas competições de matemática. O impacto do projeto no ensino é enorme e, em cada escola com um medalhista, os outros se animam. Um aluno de Monte Mor já ganhou ouro em três edições. De repente, quando a gente nem espera, aparecem essas mentes brilhantes.”
A Unicamp ofereceu aos premiados diversas atividades pelo campus, como oficinas, visita ao Museu Exploratório de Ciências e a palestra “Balbúrdias Matemáticas”, apresentada pelo professor Lúcio Tunes dos Santos, do Imecc. “O título é uma pequena brincadeira com a situação que estamos vivendo no país, mas trata-se de uma palestra introdutória para mostrar a matemática não apenas como uma ferramenta para a resolução de problemas, mas também como uma linguagem capaz de formular e interpretar fenômenos em diferentes áreas do conhecimento. Vou colocar vários temas, como criptografia, design de aeronaves e mesmo cinema, pois os efeitos especiais necessitam cada vez mais de equações.”
A professora Teresa Atvars, representando o reitor Marcelo Knobel na cerimônia, ressaltou o momento como de conclusão de mais etapa da missão social da Unicamp. “A universidade pública, que lutará para continuar sendo pública e gratuita, tem essa missão de incorporar alunos da rede em seus projetos educacionais, que são transformadores – é a sua capacidade de ajudar a transformar a sociedade educando as pessoas. Esse evento de premiação é o reconhecimento do trabalho e esforço de cada um de vocês no desafio que é a matemática, ciência às vezes incompreendida, mas de enorme utilidade em todas as áreas da ciência. Hoje sou vice-reitora da Unicamp, mas já fui professora do ensino médio, no curso noturno da segunda ciência ‘menos amada’, que é a química. Sei da dificuldade de ensinar, das sete às onze da noite, essas ciências ‘chatas’, que na verdade são espetaculares.”
Fonte: Unicamp
Autor: Luiz Sugimoto Fotos: Antonio Scarpinetti Edição de imagem: Paulo Cavalheri