Para uma jovem cientista, é difícil imaginar prestígio maior do que conversar com um vencedor do Prêmio Nobel. Na terça-feira (16), a catarinense Heloísa Gabriela Paterno, medalhista da OBMEP e protagonista de uma destacada trajetória acadêmica, pôde desfrutar dessa oportunidade em um diálogo que reuniu 80 estudantes brasileiros, da América Latina e do Caribe para discutir o papel da ciência com cinco laureados com o Nobel que mudaram o mundo com suas descobertas. A participação de Heloísa, que atualmente cursa matemática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC), foi tema de uma reportagem exibida no telejornal Bom Dia Santa Catarina na terça-feira (16).
Na reportagem, a catarinense falou sobre o efeito que a participação em olimpíadas de conhecimento como a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), na qual competiu pela primeira vez aos 10 anos, teve em sua trajetória. “Depois que saí do Ensino Médio eu estava muito com essa visão de como as olimpíadas e oportunidades de evento tiveram um impacto muito grande na minha vida. Por meio da educação que eu comecei a pensar ‘ok, isso é uma carreira para mim, é o meu futuro’, e depois escolhi fazer a licenciatura realmente em matemática”, contou.
Promovido pelo Nobel Prize Outreach, pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS), o Diálogo Prêmio Nobel América Latina e Caribe foi realizado em formato virtual, com o objetivo de discutir o papel dos cientistas e a construção do diálogo entre a ciência, as autoridades políticas e a sociedade. Os laureados que conversaram com os estudantes foram a microbióloga francesa Emmanuelle Charpentier, vencedora do Nobel de Química em 2020; a australiana Elizabeth Blackburn e a norueguesa May-Britt Moser, vencedoras do Nobel de Medicina em 2009 e 2014, respectivamente; o norte-americano Saul Perlmutter, Nobel de Física em 2011; e o holandês Bernard Feringa, Nobel de Química em 2016.
Heloísa foi umas das 16 estudantes brasileiras selecionadas para a reunião, e relata ter saído inspirada da conversa. “O principal aprendizado que eu tive foi sobre a colaboração entre cientistas. O Saul falou uma coisa que ficou na minha cabeça até agora: cientistas quando se juntam, não se juntam para que um fale sobre sua pesquisa ao outro para mostrar o que fez, mas para que um diga ao outro o que foi feito de errado. Acho que isso é uma coisa que vou levar para o resto da minha vida, continuar carregando a importância de ter esse diálogo para fazer ciência”, disse a catarinense.
E a experiência foi positiva não apenas para o lado dos estudantes. A vice-presidente da ABC e também co-presidente da IANAS, Helena Nader, contou que os nobelistas também saíram fascinados da conversa. “O que eles viram é um Brasil e uma América Latina de jovens brilhantes, que precisam de muitas oportunidades para colocar o mundo no local certo. É acreditar na juventude”, resumiu Nader, uma das organizadoras do encontro.