A caminhada de alunos que se dedicam à OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) pode levá-los não só à conquista de uma medalha, mas também ao sonho de cursar uma universidade pública com a ajuda do Programa Bolsa TIM - OBMEP. A iniciativa oferece um auxílio no valor de R$800 para jovens talentos identificados pela competição que ingressarem nos cursos de astronomia, biologia, computação, economia, engenharia, estatística, física, matemática, medicina e química. Neste mês, 47 ex-medalhistas da olimpíada selecionados para o edital de 2018 concluem os estudos com êxito.
Parceria do Instituto TIM com a OBMEP e o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), o programa foi criado em 2015. Desde então, foram oferecidas anualmente 50 bolsas com duração de 12 meses, renováveis por quatro anos.
Uma das alunas que está concluindo o ciclo de 48 meses no programa é Andressa Maciel Lima, de 22 anos, estudante de engenharia civil na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco. Nascida em Cruzeiro do Sul, município do interior do Acre que fica a 630 kms da capital, a jovem conquistou cinco medalhas consecutivas na OBMEP, do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio. Seu pai trabalhava com aluguel de brinquedos para festas e, durante a pandemia, perdeu a principal fonte de renda, o que transformou o auxílio no único sustento da estudante.
Graças à bolsa, Andressa está próxima à conclusão da graduação, apesar do atraso ocasionado pela pandemia. “Soube da existência da bolsa por um professor da escola, logo na primeira OBMEP que participei. Sempre me identifiquei muito com exatas e já imaginava que trabalharia com essa área, então fiquei muito feliz de ter conseguido participar do programa! Fui integralmente sustentada com a bolsa e não teria chance de me formar sem ela, porque meus pais não tinham condição de me manter em outra cidade”, comenta a universitária.
Assim como ela, Lennon Luiz Corrêa de Brito, de 20 anos, conta com a bolsa desde 2018 para custear os estudos. O estudante de nanotecnologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) compartilha que o caminho até a conclusão do curso foi repleto de percalços. “As condições de renda da minha família foram piorando durante a minha infância e, principalmente depois do divórcio dos meus pais, a renda familiar desabou para um salário mínimo. Fui morar com meus avós e chegamos ao ponto de não ter nenhuma renda fixa, então a bolsa foi fundamental para sustentar a casa. Se não fosse o programa, seria difícil não só me manter na universidade, mas sobreviver no geral”, conta.
Apesar das dificuldades, Lennon foi medalhista de ouro da OBMEP durante o Ensino Fundamental, além de ter conquistado duas pratas e um bronze. Por conta do desempenho escolar, foi selecionado para receber uma bolsa integral em uma escola particular no Ensino Médio e achou que sua história com a OBMEP teria fim ali. “Imaginei que nunca mais poderia fazer a OBMEP, mas quando chegou o último ano, para minha surpresa, a competição foi aberta para a rede particular! Tive mais uma chance de fazer a prova e consegui um bronze, uma das minhas maiores conquistas”, relembra. Ele está animado para concluir a graduação e, no futuro, se vê atuando como pesquisador.
Já Lucas Messias da Costa, de 22 anos, seguiu para a área de medicina e também contou com o programa para começar a graduação na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Filho de lavradores e nascido em Monte Alegre de Sergipe, cidade do interior sergipano, o aluno conquistou três medalhas de bronze na OBMEP.
“Comecei a me interessar por medicina no Ensino Médio. Mas na minha cidade não havia opções de universidades nessa área, então eu sabia que precisava me mudar para cursar a graduação. A bolsa foi essencial para que eu conseguisse pagar o aluguel e todos os custos necessários para seguir os estudos! É muito gratificante chegar até aqui, foi uma alegria enorme ter sido aprovado. É uma conquista não só da minha família, mas de toda a cidade, que comemorou muito a aprovação”, comemora.