A matemática ucraniana Maryna Viazovska, professora da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça), é a segunda mulher a conquistar a medalha Fields, desde 1936. Até então, a iraniana Maryam Mirzakhani (1977-2017) era a única mulher a ter sido agraciada com a medalha, em 2014, mesmo ano do pesquisador do IMPA Artur Avila. Os vencedores do prêmio, equivalente ao Nobel da matemática, foram anunciados na manhã desta terça-feira (5), em uma cerimônia em Helsinque (Finlândia), durante o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM).
Os outros três vencedores da honraria são o francês Hugo Duminil-Copin, que cultiva uma estreita relação com o IMPA, o britânico James Maynard e o americano-sul-coreano June Huh. Principal prêmio da matemática, a medalha Fields é concedida quadrienalmente a até quatro matemáticos de destaque que tenham no máximo 40 anos. Além da medalha, os vencedores ganham um cheque de 15.000 dólares canadenses (pouco mais de US$ 11.500).
Nascida em Kiev quando a Ucrânia ainda era parte da União Soviética, em 1984, Maryna foi reconhecida por ter resolvido o centenário problema de empacotamento optimal de esferas na dimensão 8, e, em colaboração com outros colegas, na dimensão 24. “A abordagem desenvolvida pela ucraniana chama atenção por ser radicalmente diferente da solução do caso de dimensão 3, conhecida como conjectura de Kepler”, destaca o pesquisador extraordinário do IMPA Artur Avila, único latino-americano a conquistar a medalha Fields e membro do comitê de jurados desta edição do prêmio.
Professor do Institut des Hautes Études Scientifiques, de Paris, e da Universidade de Genebra, Hugo Duminil-Copin atua na área matemática da física estatística, e foi reconhecido pela solução de “problemas de longa data na teoria probabilística das transições de fase”. Segundo o júri, as descobertas de Duminil-Copin abriram várias novas direções de pesquisa.
O francês cultiva uma estreita relação com o IMPA e com o Brasil. Além de ser co-autor de professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), orientou a tese de doutorado de Franco Severo, ex-aluno de mestrado do IMPA e medalhista da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Ele esteve no instituto em 2017, para a XXI Escola Brasileira de Probabilidade, e é presença confirmada na conferência que marca os 70 anos do IMPA, em outubro deste ano.
Nascido na Califórnia e criado na Coreia do Sul, June Huh tem uma relação inusitada com matemática. Ao contrário do que se espera de uma pessoa reconhecida com o maior prêmio da área, não era um grande entusiasta da disciplina na escola. Só se aproximou da pesquisa em matemática aos 23 anos, no último ano da graduação em Física e Astronomia da Universidade Nacional de Seul.
Professor da Universidade de Princeton (Estados Unidos), June Huh, recebeu a Fields por transformar o campo da combinatória geométrica, “utilizando métodos da teoria de Hodge, a geometria tropical e a teoria da singularidade”, afirmou o júri.
Especialista em uma das áreas mais intrigantes da matemática, a teoria dos números, James Maynard foi reconhecido por suas “contribuições à teoria analítica dos números, que permitiram importantes avanços na compreensão da estrutura dos números primos e na aproximação diofantina”.
Professor da Universidade de Oxford (Reino Unido), o britânico afirmou, em entrevista ao The Guardian, que “os números primos são como os átomos para os matemáticos”. “Da mesma forma que você pode entender muito sobre produtos químicos conhecendo os átomos que os compõem, você pode entender a enorme quantidade sobre números inteiros e como eles interagem com a multiplicação – o que acaba sendo muito importante para coisas como criptografia – se você entende coisas sobre números primos.”, completou.
Para saber mais sobre os premiados pela Fields em 2022, acesse o site da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês).