O desejo de ganhar uma medalha na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) fez com que um jovem de Betim, em Minas Gerais, entrasse para o famoso Guinness – o livro dos recordes. Maike Anthony dos Santos Silva, 17 anos, recitou impressionantes 10.122 dígitos do número de Euler, constante matemática que é a base dos logaritmos naturais.
O feito foi realizado em 6 de fevereiro deste ano. Em duas horas e vinte minutos – sem pausas nem para tomar água e de olhos vendados, para evitar algum truque que facilitasse a missão – Maike contou as casas decimais, mais do que dobrando o recorde anterior, de 4,5 mil números. O recorde foi homologado no dia 18 de julho.
“Gosto muito de matemática e queria ganhar medalha de ouro na OBMEP [meta alcançada no ano passado], então comecei a ler livros sobre cálculo mental. No meio disso, descobri as técnicas de memorização e me interessei”, diz Maike.
Aluno do 3º ano do ensino médio e do curso integrado em eletrotécnica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet/MG), Maike conta que sua paixão pela matemática surgiu quando estudava para o processo seletivo da instituição de ensino, em 2018.
“Quando estudei matemática sozinho, vi um lado dela que não conhecia na escola. Descobri que toda a matemática é baseada em demonstrações e princípios. Ou seja, ela faz sentido. Quando comecei a entender o porquê ela é do jeito que é, me apaixonei pela matéria”, diz o jovem.
O recordista do Guinness conta que sua predileção é a matemática pura, mas também gosta de álgebra, teoria dos números e geometria. Sobre o futuro, seu sonho é estudar nos Estados Unidos e trabalhar na área de pesquisa
Além disso, diz que a matemática é democrática e livre. “O fato da matemática ser baseada apenas em argumentos é encantador: precisa apenas de um papel e um lápis. Às vezes, até menos. Isso dá uma sensação de liberdade muito grande”, diz Maike.
A preparação para chegar ao livro dos recordes começou no início de 2021. Nessa fase, a recitação das 10.122 casas decimais demorava seis horas, mais seis horas de correção. “Apenas depois de muita prática consegui recitá-los rapidamente”, diz. No dia da quebra do recorde, o tempo máximo entre um dígito e outro foi de oito segundos.