Vindos de todos os cantos do Brasil, quase 500 alunos subiram ao palco na cerimônia nacional da 15ª OBMEP, realizada em Salvador (BA), na última segunda-feira (7), para receber medalhas. Entre eles, estava o artista plástico Felix Pedemonte, de 65 anos. Aluno do EJA - Educação de Jovens e Adultos, Felix conquistou a única medalha de ouro da cidade de Palhoça, em Santa Catarina, na 15ª edição da olimpíada.
.“São 18 milhões de participantes e ficaram só 579 medalhistas de ouro. É 0,003%, uma coisa assim. É algo muito gratificante!”, comemorou o aluno, que surpreendeu os presentes pela perseverança e dedicação à matemática.
Nascido na Argentina, Felix chegou ao Brasil durante a Guerra das Malvinas, conflito entre a Argentina e o Reino Unido, em 1982. Com o passar dos anos, tornou-se brasileiro “de coração” e passou a residir no Sul do país. “Vim trazendo uns amigos que poderiam ser chamados para ir para a guerra, então viemos quase que fugindo da guerra. Quando a guerra acabou, retornei ao meu país, mas alguma coisa me chamava para cá!”, afirmou.
Enquanto sua história com a matemática desabrochou depois de adulto, a relação com a arte começou ainda na infância. “Desde os nove anos de idade, faço aulas de pintura, desenho, retrato. Até hoje! A minha intenção sempre foi juntar a ciência com a arte, principalmente a matemática com a escultura ou com o desenho”, explicou.
Felix começou a estudar matemática de maneira independente, por se interessar pela geometria aplicada às obras de arte. Em 2001, começou uma pesquisa sobre a sequência de Fibonacci, que também é conhecida como “proporção áurea” ou “sequência divina”, por ser verificada na natureza, como em pétalas de girassol, conchas, entre outros casos.
“Minha esposa e meus filhos sempre me incentivaram a voltar a estudar, aí eu resolvi fazer o EJA e, um belo dia, me disseram que tinha a prova da OBMEP. Eu fui fazer a prova e ganhei uma medalha de ouro. E hoje estou aqui!”, concluiu o artista, com orgulho.