Uma medalha de bronze conquistada em 2007, na 3ª edição da OBMEP, abriu portas para a jovem Cloé Schiavon Pich, à época no 9º ano do Ensino Fundamental. A aluna da Escola Municipal Antonio Ronna foi a primeira da rede municipal de ensino de Pelotas (RS) a ser agraciada com uma premiação na competição. Este ano, Cloé gravou um vídeo sobre sua trajetória para incentivar os alunos da cidade a participarem da olimpíada. A ex-medalhista da OBMEP se tornou engenheira de processos da Michelin.
“Estudava bastante porque estava tentando uma aprovação no CEFET [Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas] e sabia que podia me apoiar na matemática para conseguir subir a minha nota, porque sempre tive mais facilidade. Então estava estudando muito quando fiz a OBMEP pela primeira vez”, relatou a jovem.
A dedicação valeu a pena. Com a medalha de bronze, a estudante foi convidada a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que oferece aulas avançadas de matemática e uma bolsa de R$ 100 do CNPq.
“Na iniciação científica, me encontrei. Foi o primeiro contato que tive com o mundo profissional. Era um ambiente onde tinha troca de ideias e, ao mesmo tempo, foi extremamente gratificante. A OBMEP abriu minha cabeça para as várias oportunidades! Foi a partir da bolsa do PIC que entendi que podia trabalhar com isso, que dava para seguir estudando”, relembrou a estudante.
Durante as aulas do PIC, Cloé se apaixonou pela ideia de seguir o caminho acadêmico, onde poderia trabalhar com ciência e exatas. Ao mesmo tempo, foi aprovada para o CEFET, onde fez um curso técnico em Eletrotécnica e continuou participando da OBMEP. A conquista de duas menções honrosas consecutivas, na 4ª e 5ª edições da olimpíada, foram mais uma validação da escolha pelas exatas.
O próximo passo foi a tão esperada aprovação em Engenharia Química, no IFSul (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense). Assim que entrou na universidade, Cloé se atentou à possibilidade de fazer um intercâmbio e, com isso, concluiu a metade da graduação na França e metade no Brasil. A medalhista trabalha na Michelin, na França.
“Quando a gente estuda em uma escola pública, no interior, às vezes temos pouca noção do quanto a educação pode mudar a nossa vida. A OBMEP me deu oportunidade de entender isso”, comentou.
Com o objetivo de motivar outros estudantes a se dedicarem e, possivelmente, experimentarem o potencial transformador da olimpíada, Cloé gravou um vídeo contando a sua história, a convite do professor Luiz Lemos Júnior, que é professor da rede municipal de ensino de Pelotas. Desde 2010, ele faz um trabalho de incentivo aos alunos.
Este ano, o professor organizou um “aulão” de preparação para a 2ª fase da 17ª OBMEP com todos os estudantes classificados no município e conseguiu contato com a Cloé. “Foi muito legal conseguir a participação dela, porque é perceptível que os alunos saíram do aulão mais animados para fazer a prova. É importante que eles tenham exemplos como o dela, uma pessoa que veio do mesmo lugar que eles e chegou tão longe”, comentou o professor.