Aves, borboletas, peixes e diferentes espécimes de animais característicos da Floresta Amazônica fizeram parte de pesquisas de Alfred Wallace (1823-1913), cientista britânico que contribuiu significativamente para a Teoria da Seleção Natural desenvolvida por Charles Darwin (1809 - 1882).
Naturalista, geógrafo e biólogo, Wallace viajou durante quatro anos pelo Brasil devido ao interesse pelas espécies encontradas na floresta brasileira. Por conta da relação estreita que manteve com o país, a 18ª edição da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) tem o cientista como tema deste ano.
“Resolvemos homenagear Wallace nesta edição da OBMEP, no ano em que se comemora seu ducentésimo aniversário, por várias razões. Primeiro, como uma justa homenagem ao grande cientista, co-autor com Darwin da Teoria da Evolução. Depois, por sua relação com o Brasil. Sua longa e pouco conhecida estada no país, percorrendo a Floresta Amazônica em busca de espécimes animais, contribuiu para a elaboração da Teoria da Evolução”, explicou o diretor-adjunto do IMPA e coordenador-geral da OBMEP, Claudio Landim.
No cartaz da atual edição da olimpíada foram priorizadas as borboletas e um tucano, que representa as aves da região que estavam entre os principais interesses de Wallace e de Henry Bates, seu amigo e acompanhante de viagem. A identidade visual destaca ainda a cor verde em referência à Floresta Amazônica.
“Homenageia-se também, além do cientista, um importante divulgador da ciência, autor de artigos, livros e conferências, e um ativista social favorável ao voto feminino, à distribuição equitativa da renda. Finalmente, homenageamos Wallace para enfatizar o papel e a importância da ciência e divulgar o trabalho de um cientista que mudou nossa compreensão do mundo”, concluiu Landim.
A viagem ao Brasil
Alfred Wallace chegou ao Brasil em 1848 onde permaneceu até 1852. O cientista dedicou a maior parte do tempo a percorrer a Floresta Amazônica e chegou a registrar 110 gêneros de peixes na bacia amazônica; 35 não eram conhecidos. Ele também foi o primeiro europeu a subir todo o Rio Negro e a realizar medições de latitude e longitude ao longo do curso d’água.
Após quatro anos no Brasil, por motivos de saúde, ele decidiu retornar à Inglaterra. Na viagem, o navio onde Wallace estava pegou fogo e a maior parte de seu trabalho foi perdida. Apesar do incidente, a viagem resultou no livro “Viagens pelo Amazonas e rio Negro”, onde o cientista registrou e descreveu detalhes sobre as espécies observadas na floresta. Na época, grande parte da região permanecia inexplorada e gerava curiosidade, principalmente entre estudiosos.
Em 1854, o cientista embarcou em uma nova expedição para aprofundar os estudos. Desta vez, o destino foi o arquipélago malaio, onde ficou até 1862 e começou a discorrer sobre a teoria da evolução dos seres vivos. No período, o naturalista enviou uma carta de apresentação a Darwin e um artigo “Sobre a lei que regula a introdução de novas espécies” e pediu a opinião do naturalista. Os documentos abordavam parte das ideias presentes na teoria da evolução - tema que Darwin trabalhava havia 20 anos.
Ainda em 1858, os trabalhos dos dois naturalistas foram remetidos e enviados em conjunto para a “Linnean Society de Londres”, um importante centro de estudos de história natural do Reino Unido. No ano seguinte, Darwin publicou “A origem das espécies” e quando Wallace retornou da Malásia à Inglaterra, a teoria darwinista já estava difundida.
Alfred Wallace publicou mais de 20 livros e faleceu aos 90 anos, em 1913.