O pesquisador extraordinário do IMPA, Artur Avila, recebeu os alunos do IMPA Tech para dar início às atividades acadêmicas do 2º período da graduação em Matemática da Tecnologia e Inovação. Nesta segunda-feira (19), no auditório do Porto Maravalley, o ganhador da medalha Fields mostrou como os estudantes podem começar a interagir com a matemática em um nível mais avançado, baseado nos acontecimentos pessoais e acadêmicos de sua trajetória, como as experiências nas olimpíadas de matemática e o mestrado e o doutorado no IMPA.
Ainda jovem, Avila foi ao instituto pela primeira vez para receber uma medalha de bronze da OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática). A visita abriu as portas para uma futura carreira na matemática. “As olimpíadas de matemática, da mesma forma que trouxeram muitos vocês até aqui, me levaram até o IMPA”, afirmou.
O pesquisador também falou sobre a evolução da disciplina ao longo dos anos e como a noção do que é fazer matemática é mutável. “A matemática do século XVII ainda é algo útil. Ela se constrói desde os primórdios. Os gregos já utilizavam matemática e esses fundamentos são aplicados até hoje desde o ensino fundamental, na escola”, acrescentou.
Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA, participou do encontro e explicou aos estudantes a relevância da medalha Fields para a matemática brasileira. Viana foi professor de Avila durante o mestrado e os dois compartilham a mesma área de pesquisa, sistemas dinâmicos.
O pesquisador encorajou os alunos da graduação, que ainda estão começando a trilhar o caminho em matemática avançada. “Não tenham medo de errar. As suas ideias quase sempre não vão dar certo, com exceções. Todos os estágios de falha vão construir a compreensão final de uma pesquisa. Com dedicação, as coisas melhoram. Não apenas as ferramentas matemáticas, mas também o preparo psicológico.”
Avila acrescentou a importância do trabalho colaborativo e a necessidade de se propagar o conhecimento matemático. “Tenho uma visão sobre como funciona idealmente a ciência, que envolve querer resolver questões para resolver problemas úteis, sejam eles tecnológicos, biológicos, etc. A matemática pode ser utilizada para muitas coisas. O conhecimento matemático não fica isolado onde foi descoberto, ele se propaga.”
Ao final do bate-papo, o pesquisador tirou dúvidas dos alunos da graduação e deu dicas aos futuros profissionais. “Não apontem diretamente para o problema mais difícil. Recomendo que trabalhem lateralmente em questões mais interessantes, porque é através de uma análise mais geral que vão surgindo ideias e possibilidades para aplicar em questões centrais”, concluiu Avila.
Suelen Luiz, que também é aluna de Matemática da Tecnologia e Inovação, também saiu do encontro motivada. “É muito legal ver o exemplo do Artur. Mesmo depois de tanto tempo, ele segue apaixonado pela área de pesquisa e consegue transmitir isso para nós”, disse.